O Tema 6 de Repercussão Geral do Supremo Tribunal Federal (STF) é um dos mais relevantes no direito à saúde, abordando a obrigatoriedade do Estado em fornecer medicamentos de alto custo para pacientes com doenças graves. A decisão do STF visa estabelecer critérios para evitar a judicialização excessiva e garantir um uso racional dos recursos públicos.

O que é o Tema 6 do STF?

O Tema 6 surgiu a partir do Recurso Extraordinário (RE) 566.471, que discutia a obrigatoriedade do Estado em fornecer medicamentos de alto custo não incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O caso chegou ao STF após um paciente acionar a Justiça para obter um medicamento essencial ao seu tratamento.

A questão central foi:

O Estado tem a obrigatoriedade de fornecer medicamentos de alto custo não incluídos no SUS, mesmo diante de limitações orçamentárias?

Decisão do STF: Os Três Pilares

O STF definiu três diretrizes principais para o fornecimento de medicamentos de alto custo:

  1. Não Há Obrigação Automática

O Estado não é obrigado a fornecer automaticamente medicamentos que não estão na lista do SUS.

2. Exceção Condicionada

O fornecimento pode ser determinado judicialmente se forem atendidos os seguintes requisitos:

  • Negativa formal do SUS em fornecer o medicamento.
  • Ilegalidade na não incorporação do medicamento pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) ou ausência de pedido de incorporação.
  • Imprescindibilidade clínica do medicamento, comprovada por laudo médico.
  • Eficácia e segurança do medicamento, baseadas em evidências científicas.

3. Critérios para Decisão Judicial

Para tomar decisão sobre um pedido de medicamento não incorporado ao SUS, os juízes devem:

  • Analisar a legalidade da não incorporação.
  • Consultar o NAT-Jus (Núcleo de Apoio Técnico do Judiciário) ou especialistas.
  • Oficiar órgãos competentes sobre a possibilidade de incorporação do medicamento ao SUS.

Fundamentos Constitucionais

A decisão do STF está fundamentada no artigo 196 da Constituição Federal, que garante o direito à saúde como dever do Estado. No entanto, o STF ponderou que esse direito deve ser balanceado com outros princípios, como:

  • Reserva do possível: limitações orçamentárias e técnicas do Estado.
  • Separação dos poderes: o Judiciário não pode substituir as decisões técnicas da Conitec e do SUS.

Impactos Práticos da Decisão

1. Redução da Judicialização

A decisão busca evitar pedidos excessivos de medicamentos, reduzindo processos e aliviando o sistema de saúde e o Judiciário.

2. Fortalecimento da Conitec e do NAT-Jus

A exigência de consulta a esses órgãos promove decisões mais técnicas e embasadas cientificamente.

3. Uso Racional dos Recursos Públicos

A decisão assegura que os recursos públicos sejam destinados a tratamentos realmente eficazes.

Críticas e Desafios

Apesar dos avanços, o Tema 6 também enfrenta desafios:

  • Dificuldade de Acesso: Pacientes em vulnerabilidade podem ter dificuldades em atender aos requisitos exigidos.
  • Demora nos Processos: Laudos e pareceres técnicos podem atrasar o acesso a tratamentos urgentes.
  • Judicialização Indireta: O questionamento da Conitec pode gerar novas ações judiciais.

Assessoria Jurídica Especializada

O acesso à saúde é um direito fundamental, mas sua efetivação exige conhecimento jurídico especializado.

Nosso escritório atua na defesa dos direitos de pacientes, auxiliando no acesso a medicamentos e tratamentos negados pelo SUS ou por planos de saúde.

Com uma equipe altamente qualificada, oferecemos assessoria estratégica para a obtenção judicial de medicamentos de alto custo, analisando cada caso individualmente e reunindo a documentação necessária.

Se você ou um familiar está enfrentando dificuldades para obter um medicamento essencial, podemos ajudar desde a fase administrativa até a via judicial, sempre com um atendimento personalizado e eficiente.

Conclusão

O Tema 6 do STF busca equilibrar o direito à saúde com a sustentabilidade das políticas públicas. O sucesso dessa decisão depende de gestão eficiente, atuação rápida do SUS e do Judiciário, e investimentos contínuos na área da saúde.

A judicialização da saúde continua sendo um mecanismo fundamental para garantir direitos, mas deve ser usada de forma responsável e bem fundamentada.

Entre em contato com nosso escritório para saber como podemos auxiliar no seu caso.

Felipe Calixto Gonzaga
Advogado – OAB/DF 82.092
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